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Saturday, January 16, 2016


Diário de um Cidadão: Aproveitem bem a Vida!


Apesar de me deitar já tarde. Hoje, acordei cedo e bem-disposto. Pronto para viver. Sim! Tinha energias e tudo.

Resolvi entrincheirar-me no meu refúgio secreto. Só meu e de Deus, sabedores.

Passei por folhear um livro. Um livro interessante e encantador. Sou exigente em tudo o concebo demorada e calmamente. Seguidor Dele e da sua inteligência soberba. Doce. Linda. Maravilhosa.

Deus apelou-me a fazer a uma boa ação.
Levar o controverso Senhor Gonçalves à sua aldeia.
Esquisito metido com ele, também irradiava simpatia e sorrisos para mim. Talvez, o riso dele fosse para me agraciar. 

Conquistar. Cativo que me encontrava e,  e casmurro com ele. O meu eu era convincente. Propício distribuidor de ternura e carinho a jorros pelas pessoas. Sim! Estava bem comigo.

Esqueci a menina do “aspartame”. Era demasiado inconveniente. Quando tomava café que me era necessário.
Logo aparecia ela espreitando por uma “franja” na porta da Pastelaria e apontava-me o açúcar. Nunca a contrariava ali. Deitava sempre açúcar. Também não era nada mau de todo.

Partimos, eu e o meu sogro, com destino à aldeia. Parei para meter combustível na viatura. Esta paragem foi um problema para ele. Tive que explicar ao Senhor Gonçalves que “aquilo” só andaria assim. Só por um milagre. Sim! Vindo de Alguém celestial muito bom. Com alegria em fazer o bem podia fazer andar o carro sem combustível.

Não entendeu lá muito bem, mas lá foi atento à estrada. Foi sempre a falar. Para a esquerda. Para a direita. Em frente. Não havia perigo nenhum sendo ele a explicar-me. Tinha opinião sua de que, se não fosse ele a orientar-me, nos despistaríamos de pronto! Na viagem ainda me assustou, várias vezes, proferindo que eu não sabia conduzir como ele. 

Era fraco ao volante. Era fraco em tudo. Não sabia nada de nada.
Nem sei como agir perante o meu complexo e difícil Senhor Gonçalves? Era senhor da sua vida. Como eu da minha.

Chegamos à Aldeia. Perante situações adversas, mas chegamos.
Entrei em casa. Preocupou-se em descalçar-se. Para minha admiração. Fez com que eu fizesse o mesmo, senão não poderia entrar. Fiz-lhe a vontade ímpar no meu asseio e educação esmerada.

Quando fiquei só senti um alívio “lancinante” de pacatez e silêncio nas ruas. Lá atrás “respirava-se” beleza imensa. O povoado. As suas gentes sofridas. O relógio solar no Largo. Os vestígios do Natal com uma grandiosa fogueira coletiva. 

As cepas gastas e calmas. Os agricultores preocupados com os familiares fora do País. As batatas. As couves. As cuecas azuis que não queria vestir na noite de Ano Novo. Jamais as tirou. Para ele eram como uma inovação sigilosa.

Tudo isto afluiu ao meu cérebro. Um cérebro. Um olhar. Fartos. Gastos. Arrasados. Cansados. Preocupados. Felizes ou infelizes. Uma casa a desmoronar-se. Duas casas. Três. Quatro casas. Todas as casas. Pressenti, em mim, que eram heróis da vida. Pela vida que levam e levariam sempre.

Em suma, uma aldeia deserta e fantasma, a que eu não lhe daria mais dez anos de existência.
Senti-me feliz. Muito feliz. O cenário era maravilhoso. Tudo verde. Tudo preocupado com o seu dia-a-dia. Já sabiam que este dia iria ser sofrido. Eram todas gentes humildes. Mas, boas pessoas.

Quando cheguei a nossa casa, descansei. Fui ter com a minha cara-metade ao quarto e dei-lhe um beijo de amor sentido e sincero e um “Abracinho” muito apertado convincentes. E, por magia minha. Não ando a tomar os remédios do coração e canso-me muito depressa.

Se os tomasse penso que não iriam servir uma pessoa como eu sou.

Estou feliz e agradecido a Deus por me dar a vida. Por mais complexa que ela seja.
Bem-Hajam, pessoas de uma vida.

Sejam felizes.





António Pena Gil  Janeiro de 2016