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Thursday, April 06, 2017



O Que Faria Se Fosse Um Refugiado.
Em primeiro lugar ficaria muito triste. Pensaria que isso não resolveria nada.
Não podendo “arrastar” comigo a minha maravilhosa família, pedir-lhe-ia um objeto muito significativo para eles que meteria na minha mochila. Os seus rostos. As suas atitudes. Os seus sentimentos. A sua afetividade. O seu encanto. “Viajariam”, de forma constante no meu coração através das “coisas” que me iam dado.
Seria forte. Seria convicto. Seria “adulto”.
Sou sem tempo. Não seria importante para mim o relógio. Confiaria em mim. No céu.
Ousaria contestar com audácia as contrariedades e adversidades das guerras. Tentava entendê-las. Sem sucesso. Eram guerras, pronto. Sem ouvidos para mim. Para não ousarem explicarem-me sequer.
Se pudesse afagaria os idosos e crianças. Protegendo-os com o meu coração escondido. Ninguém saberia que tenho um coração enorme. Onde cabe imensa gente.
Seria indispensável um PC. Contaria às potências mundiais o que ia vendo de horrível e tenebroso. Quase tenho a certeza que ninguém me ouviria fazendo-se de surdos. Ausentes. Senhores à parte que só dizem disparates a todo o instante.
Tentava compor o meu telemóvel na fuga. Está sempre avariado.
Olhava o mundo, morrendo, indevidamente e desastradamente em disputas cruéis e violentas. Tudo aos olhos dos poderosos. Estes são capazes de tudo. Até tirarem a vida. Sem ousarem explicações sensatas ou curados do mal social, pessoal e humano que já deviam saberem que não levam a nada. Só “estragam” pessoas. Só “estragam” o Mundo.
Não meteria “a poesia” na guerra, embora me apetecesse.
Em momentos complicados, sem lugares de carregamento dele, pedia ajuda e telefonaria. Sim! De imediato. De pronto. Telefonaria à minha família que fugira também. Como teria decorrido a fuga deles? Adoraria saber, para me dar paz. Serenidade. Amor!
Depois disto tudo, já longe. Olhei as suas significações que me haviam dado. Olhei-as, com paixão. Reconheci-os de imediato. Um por Um.
E rezei. Imenso. Por eles. Rezei por todo o Planeta em violências e crueldades injustificadas e selváticas. Sem significado.
Depois, de muito tempo passado. Havia escolhido um Hospital no meio do vazio do Planeta ajudando todos os seus utentes como me era possível. Mesmo desajeitado em tudo. Dei o meu melhor naquela fronteira da salvação nem sempre bem-sucedida.
Por fim tirei o “Terço” que trago sempre comigo. E, rezei. E, tiritando de frio e no meio da reza, vi-os. Sim! Encontrei a minha família de sonho. Amada. Que me havia seguido. Abracei-os imenso tempo e com significado do meu inequívoco AMOR. As minhas lágrimas caíam ininterruptamente.
Agradeci-Lhe e fugimos todos. Em conjunto. Em união. Com um amor indiscritível.
Seria assim, a minha “história” como refugiado.
Sejam felizes! Pensem na Paz. É amor.
António Pena Gil
Abril 2016