Contribua para a Campanha do Agasalho 2009

Campanha do Agasalho 2009

Monday, October 23, 2017


Perdi o “Selo de Validade” da Vida.



A burocracia não se compadece com os meus afazeres e atividades que tento encetar. Estou ainda vivo. Presente. Lúcido.

Quando cheguei àquela Instituição Bancária passavam exatamente oito minutos depois da hora de fechar. Abri a porta exterior e deparei-me com a interior fechada.

Eu necessitava mesmo de tratar de um assunto urgente. Vi que havia gente no seu interior e toquei à campainha uma vez. Olhei e vi uma Senhora carrancuda e sempre com cara de “pau”. Feia mesmo. Nem olhou.

Não se levantou ou olhou a minha ânsia de resolver aquele problema urgente e continuou sentada.



Toquei, então três vezes. Pior ainda. Não houve da parte dela nenhuma manifestação de vida. Era mesmo sem educação. Sem civismo. Sem sentimentos que me pudesse ajudar.

Perdi a cabeça e premi o botão da campainha sem tirar o dedo do interruptor.

Aí, com o ar de desfaçatez e de antipatia levantou-se lentamente de onde estava sentada e veio na minha direção irada e desnorteada, acompanhada da Senhora da limpeza.

Disse que precisava de resolver um problema com um Senhor daquela Instituição de prestígio reconhecido pelo mundo fora e barrou-me o trajeto quando referi o seu nome.

Adiantou-me que não estava. Com antipatia e desaforo horripilantes só de escutar.

Teve que falar a maravilhosa e simpática Senhora da limpeza. Falou mais alto e disse que o dito Senhor estava ao fundo numa secretária e que podia ir ao seu encontro.

A execrável Senhora do Banco parecia estrebuchar de indignação e revolta pela minha entrada e, pela repugnância para ela, do ato da Senhora da Limpeza.

Para ela, eu não tinha “selo de validade da vida”. Acabara-se o mundo para mim.

Fiquei triste e desolado com a burocracia existente no meu país.



Anteriormente, por oito minutos acediam sempre ao meu pedido e até pediam desculpa pelo sucedido não ser mais rápido.

Quando saí as lágrimas imensas vieram-me aos olhos.

Chorei. Tinha perdido o meu “selo de validade”.

Era o meu fim.

Com a vida “chorada” assim, entrei noutra repartição, onde uma senhora escrevia compenetrada e atenta e dirigi-me a ela.

Tinha o Atendimento por trás de um vidro, pelo que, mecanicamente virou a sua cabeça que era o sinal para o seguir e chegar até ela.

Primeiro, não me olhou e, sem eu dizer nada e sem ninguém ali e sem expor o assunto que me levara ali, proferiu que tinha de esperar.

Mostrei-lhe o documento que não viu e confirmou que tinha de esperar calmamente e sem sobressaltos de quaisquer espécies.

A ordem seria enviada para minha casa.

Agradeci-lhe efusiva e amavelmente e ela retribuiu.

Creio que é o fim do meu “selo de validade”.

Foi ultrapassado imenso e na sua imensa plenitude.

A burocracia de certos locais públicos não se compadece por ele.

Talvez, um dia alguém me dê apreço. Respeito. Estima. Consideração.

Está bem assim?

Embora, desolado e só, Bem-Haja, pelo imenso de grandiosidade que vós sóis e significam.

Acredito em vós e no vosso carinho e ternura amigas.

Até sempre.



António Pena Gil



Sejam felizes, sim, amigos?